Inocente

Quando eu era inocente, eu sofria bullying dos coleguinhas da escolinha. Eu acreditava nos apelidos que recebia, e me deixava rotular.

Quando eu era inocente, em nem gostava de me olhar no espelho.

Quando eu era inocente, eu era ignorante, e quando eu era ignorante, eu era antigo, e quando eu era antigo, o Sol girava em torno da Terra, que era quadrada.

As nuvens eram feitas de algodão doce; os céus, eram os oceanos pendurados.

Quando eu era inocente, a professorinha fazia teatrinhos de bonecos, e todos se divertiam na simplicidade da vida, que era mais leve, pois o peso do mundo ainda não recaía sobre os meus ombros.

O choro de tristeza logo era subtituído por novas experiências, que traziam alegria, esperança e fé. Havia espontaneidade, ligeireza, e tudo se resolvia em toques de varinha mágica, que abria um terceiro olho, no meio da testa, para colorir as brincadeiras de recreio e merenda.

Quando eu era inocente, eu era ignorante, e quando eu era ignorante, eu desconhecia as coisas e regras deste mundo, e conversava com entidades fantásticas e amigos imaginários, que me entendiam melhor que meus brinquedos.

Quando eu era inocente, eu já era adulto, e quando eu era adulto, eu já era antigo, e quando eu era antigo, eu acreditava que o fato de ainda não ter feito sexo com outra pessoa, de ainda não ter transado, me deixava mais puro e limpo. Eu acreditava que continuar virgem continuava mantendo minha inocência intacta.

Mesmo já sendo adulto, e mesmo já sendo antigo, eu continuo inocente, pois existem vários tipos e níveis de ignorância e inocência.


Inocente was written by Fládson B. M. Freitas, and published in FLADSON.COM .

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