A glamurização das drogas

O fruto proibido é o mais apetitoso e desejado de todo o jardim justamente por ser o único pecaminoso, transgressor, ilegal.

Proibido por Deus.

Através de um jogo manipulador de palavras, envolvendo sofística astuciosa e hermenêutica diabólica, o proibido, errado e destrutivo se torna atraente, sedutor, glamuroso.

As drogas são a representação máxima do fruto proibido.

Foi Satanás, o diabo, corporificado numa serpente e mentindo, quem fez Eva e Adão caírem em tentação.

Lúcifer, o primeiro rebelde-anarquista, o anjo caído, o pai da mentira, fez uso de uma falsa promessa para que Eva e Adão provassem do fruto da árvore do conhecimento proibido, desobecendo Jeová Deus.

A promessa em ser tão sábio quanto Deus. A promessa em, após provar do fruto proibido, já nem precisar de Deus.

Quem prova dos frutos da árvore do conhecimento proibido entra em contato com outras realidades, e mistérios são desvendados.

Conhecimento. Proibido. Poder. Ritual. Magia. Mentira. Eis as origens da glamurização das drogas. E a origem das drogas está no reino botânico. A primeira de todas as drogas foi o fruto da árvore do conhecimento.

Maconha. Cocaína. Crack. Skunk. Haxixe. Heroína. Cigarro. Cigarro eletrônico. Narguilé. Charuto. Cerveja. Vinho. Álcool. Whisky. LSD. MDMA. Lança-perfume. Cola de sapateiro. Ecstasy. Narcóticos. Entorpecentes. Psicodélicos. Cannabis. Tabaco. Papoula. Cevada. Cana-de-açúcar. Cogumelos mágicos. Ayahuasca.

O fruto proibido mexe com as células cerebrais, prejudicando os sentidos e a coodenação motora do drogado, fazendo-o se desligar deste mundo terreno e entrar em contato com outros planos astrais.

As consequências de quem decide embarcar na viagem são imprevisíveis.

Podem vir as brisas do mar. A gargalhada fácil. O relaxamento. O sexo. O tesão. A anestesia.

Podem vir a agitação. A paranoia. O delírio. A psicose. A loucura. A violência. Podem vir a perda. As dívidas. A falência. A decadência.

Pode vir a prisão.

Pode vir a depressão.

Pode vir a morte.

O fruto proibido causa uma dependência bioquímica-física e mental-psicológica, apresentando-se como a solução ou válvula de escape para os problemas da triste e opressiva realidade cotidiana.

Uma briga familiar.

Um chifre na cabeça (traição conjugal).

Um convite para fazer parte do grupinho mais popular da escola, faculdade, universidade.

Um happy hour com os colegas de trabalho.

A experimentação de drogas é o pretexto perfeito.

Por representarem consequências imprevisíveis à segurança do consumidor-usuário, e principalmente, por representarem perigo à segurança da própria sociedade e do Estado, as drogas, em suas variadas apresentações diabólicas, são em maior ou menor grau criminalizadas na grande maioria dos países do mundo.

E a proibição das ditas “drogas ilícitas” (que se diferenciam das chamadas “drogas lícitas”), a exemplo da maconha e da cocaína, joga produtores-narcotraficantes e usuários drogados para a marginalidade, correlacionando a logística desse tipo de drogas com a

pobreza e a violência, e fomentando ainda mais o interesse de otários pelo delicioso gostinho daquilo que é ilegal.

Aliás, a indústria das drogas e sua irmã tráfico internacional de drogas sempre fizeram uso de uma logística diabólica (que vai das festas de favela às festas de elite) e de uma poderosa máquina de propaganda (artistas apologistas, entre os quais sertanejos bêbados e cachaceiros, rappers e funkeiros maconheiros) para conseguir localizar, seduzir e viciar novos usuários (para seus produtos) e atrair membros (para suas facções criminosas).

A indústria das drogas é bilionária e dualística. Inclui a indústria de bebidas alcoólicas (a mais popular de todas, pois apresenta a inofensiva e sagrada cervejinha dos finais de semana), a indústria do tabaco (que já apresenta cigarros eletrônicos e narguilés para viciar os filhos e netos daqueles que nos anos 1960 foram seduzidos e viciados pela glamurização do cigarro nos filmes de Hollywood) e a indústria das drogas clandestinas, proibidas pelo Estado, mas nem por isso menos glamurosas, e que incluem, entre outras, produtores fornecedores e usuários de maconha, cocaína e ecstasy.

A glamurização das drogas se tornou uma ideologia popular e sedutora, arquitetada e financiada por aqueles que têm interesse no altamente lucrativo processo de vender produtos para viciados que, faça chuva ou faça sol, continuam a consumir drogas e a serem apresentados às drogas, seja em praias, bares, boates, bailes, raves, bocas-de-fumo, tabacarias, universidades, faculdades, cracolândia, deep web, etc, etc.

Na atualidade, o fruto proibido da antiga narrativa bíblica ganhou nova roupagem em todo tipo de porcaria viciante imaginável, da cerveja ao cigarro, do haxixe ao LSD. A promessa é a mesma.

Astuciosidade da serpente original, que é traiçoeira, e faz o mundo cair em tentação. Puro glamour.


A glamurização das drogas was written by Fládson B. M. Freitas, and published in FLADSON.COM .

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