O ser humano costuma ser sádico e debochadamente perverso. O porquê é puro mistério. Sabemos apenas que as energias são implicitamente sugestivas, rapidamente interpretadas e resultam em evidências palpáveis. É quase impossível não se divertir e procurar tirar proveito, ou até um sarro, ainda que discretamente, com as limitações, deficiências, fragilidades e fantasias de outro ser humano.
Safadeza genética ou adquirida?
A hipocrisia, um dos mais antigos e sólidos pilares da vida em sociedade, condena e algumas vezes até nega a existência da malícia, tão presente na personalidade das criaturas pensantes abaixo dos céus. O canto hipnótico da distração. Maquiavelismo travestido de ingenuidade, meus caros! Pois afinal, quem realmente exalta e respeita a timidez dos bonzinhos?
Alguns defendem publicamente a honestidade, a solidariedade, o altruísmo, a tolerância, a Justiça, a Ética, a Moral, os bons costumes, o diálogo, a democracia de ideias, o fim dos preconceitos e discriminações, a paz mundial. São donos de uma retórica estimulante e sedutora, condizente com os desejos e aspirações do público. Atuam no palco das aparências com elegante maestria. E muitos, ao presenciarem a cena, ficam agradavelmente enfeitiçados com as ondas multicoloridas que irradiam do belo coração destes seres angelicais…
Blá blá blá.
Conversa fiada.
Lobos em pele de cordeiro.
Uma outra câmera registra a cena, agora sem maquiagens: num banheiro masculino, um vaso sanitário cheio de merda e mijo. Um fedor insuportável. Decadência e podridão. Paredes pichadas. Ambientação bizarra. Clima de terror. Submundo underground. Boiando entre os dejetos fecais, duas notas, uma de cem (R$100,00), outra de cinquenta
reais (R$50,00), visivelmente presentes, postas como que propositalmente ali. E a câmera filmando tudo. Uma armadilha. Uma pegadinha. Sangue nos olhos. Quem vai se rebaixar, se ajoelhar, se humilhar diante daquele trono todo cagado e mijado por um rei qualquer, para pegar as notas, tendo que mergulhar o braço naquela bosta toda?
Enquanto isso, os telespectadores soltam uma gargalhada satânica em uníssono.
Câmera escondida was written by Fládson B. M. Freitas, and published in FLADSON.COM .
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